Na 2ª parte da entrevista Patricia Dias nos explica como ao adoptarmos a técnica da Comunicação Não Violenta (CNV) estamos na verdade a assumir um novo estilo de vida.
A nossa forma de comunicar leva-nos a ser melhor ou pior recebidos, entendidos e subentendidos pois a forma como nos comunicamos tem o efeito boomerang. É tudo uma questão de treino e de entendimento do mecanismo da comunicação. Podemos mesmo afirmar que é tudo uma questão de causa e efeito.
Na conversa com Patrícia Dias chegamos à conclusão que com o treino adequado podemos chegar a assumir uma nova postura na forma como comunicamos e como recebemos a comunicação do outro.
Enfim... uma nova forma de postura e de estar na vida que pode sem dúvida nenhuma deixar-nos mais "comunicáveis" e melhor "comunicantes".
A Comunicação Não Violenta pela Academia de Comunicação
No dia-a-dia, no emprego, na família, na relação com o cônjuge, numa ida ao supermercado, as relações humanas nem sempre são fáceis. A única maneira que temos para lidar com as pessoas é através da comunicação e nem sempre conseguimos evitar gritar ou dar uma resposta mais 'torta'. Torna-se fundamental que saibamos comunicar de formasaudável, responsável, sem atribuir culpas a ninguém e fazendo com que em conjunto se chegue a uma solução para todos os problemas, mesmo os mais graves.
A Comunicação Não-Violenta está a dar os primeiros passos em Portugal, enquanto noutros países da Europa (como Espanha, Alemanha, França e Inglaterra) e fora da Europa (especialmente nos Estados Unidos), a sua utilidade e os seus resultados já estão comprovados: 75% dos problemas entre as pessoas (empresas, famílias, cônjuges) estão relacionados com mal-entendidos por falta de diálogo, já que nenhuma das partes o sabe encetar sem deixar que orgulhos e iras interfiram a dar o primeiro passo.
Agredimos, ofendemos, somos agredidos e ofendidos e a espiral de violência cresce. E cresce, sobretudo, dentro de nós, que somos os principais prejudicados.
A Comunicação deve ser um processo não-agressivo, capaz de transmitir ideias úteis, aceitando dos outros quer o «sim», quer o «não», a fim de gerar o diálogo.
A Entrevistada:
Patrícia Dias, licenciada em Comunicação Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade Técnica de Lisboa, não se entusiasmou pelo jornalismo, mas sim pelas ciências sociais e humanas em maior profundidade e pelo processo da comunicação utilizado pelos media. Após três anos como jornalista, decidiu enveredar pelo mundo editorial dos livros. Enquanto coordenadora editorial, os seus contactos e as suas pesquisas levaram-na a tomar conhecimento com diversos autores, a re-analisar o processo da comunicação e a descobrir a Comunicação Não-Violenta do psicólogo clínico Marshall Rosenberg, através da obra do jurídico Thomas d'Ansembourg. O estudo de líderes que conquistaram massas através da comunicação, levou-a a nomes sonantes como Mahatma Gandhi, Winston Churchill e Oprah Winfrey. Estas pessoas detém o segredo da comunicação e sabem expressar-se por forma a mover multidões - as massas que mudam os países.
Patrícia Dias concluiu que em Portugal a CNV é praticamente inexistente, pelo que era urgente começar a divulgar e aplicar as metodologias do processo no nosso país. Criou assim, em 2008, a Academia dos Sentidos, local que pretende que seja, por excelência, o veículo de divulgação da CNV em Portugal, pois os valores da Sociedade estão a mudar e a violência é um traço muito marcante, que começa na atitude cada um de nós.