“É parte da cura o desejo de ser curado”
“É parte da cura o desejo de ser curado” Séneca
Qualquer tipo de cura pressupõe sempre o desejo de ser curado. Mas que seja um desejo verdadeiro e real, pois muitas vezes fingimos querer uma cura, mas no fundo não fazemos nada para ser curados. Por comodidade queremos sempre que a cura venha de fora. Seja uma pastilha, vitamina ou injecção, palavra de médico ou curandeiro, tudo serve desde que seja rápido e eficaz e que dependa minimamente de nós.
Indo ao encontro da opinião de vários dos meus entrevistados, a maioria das doenças são construídas por nós, seja pelo modo de agir ou de pensar, e até mesmo de sentir. Acredito nisto completamente! É claro que existem vírus, bactérias e sei lá mais o que. Mas com certeza que cada vez mais, acho que somos nós com os nossos pensamentos e energia é que nos colocamos à jeito para que estas nos apanhem .
Quando penso em doenças graves lembro-me logo de uma definição do poeta brasileiro Vinicius de Moraes, o querido Vininha, que dizia que “o cancro é a tristeza das células”. Quem sabe até que seja a tristeza nas células ( já há cientistas que provam que o estado de alegria e felicidade libera hormonas extremamente benéficas ao nosso estado de saúde).
Lembro-me de recentemente a minha mãe dizer que o meu pai, então nos seus 82 anos tinha causado uma enorme surpresa nos médicos que após exames apuradíssimos, super modernos, tinham verificado que ele não possuía nenhuma célula cancerosa, nem sequer em fase inicial, o que na sua idade é uma raridade. Pedi então a minha mãe que dissesse aos médicos que é claro que assim fosse: meu pai era um homem feliz, de bem com a vida, extremamente alegre. Não ficou para semente é claro, pois veio a falecer, mas com certeza, deixou muitas sementes de bom humor, muita “marotice”, uma cabeça brilhante e de uma grande coerência com a sua maneira de ser e pensar ( e que já na Unidade de Tratamento Intensivo dava a volta à cabeça dos médicos e enfermeiros!) . Se sofreu? Claro que sim! Mas percebi que só morreu quando decidiu desistir, pois a sobrevivência implicaria numa perda de qualidade de vida e de limitações que para alguém como ele acabariam por ser fatais. Estão a ver? Quando se perde o desejo de ser curado a cura , mesmo que parcial , não acontece. E aquele “malandro” que sempre fez tudo à sua maneira, partiu para outra pois como ele dizia por graça: “ malandro que é malandro não estrilha, Muda de esquina!”
Portanto, quem busca a cura não pode esquecer de manter vivo o desejo de ser curado. Seja a cura física, emocional, mental e até mesmo espiritual é preciso contribuir…
Heloisa Miranda