“Crescer não obriga ...”
“Crescer não obriga nunca a desistir do espanto.”
Maria José Costa Félix
O pior de crescer, ou melhor, o pior de ser uma pessoa crescida é a série de coisas que esperam de nós ou que é suposto fazermos, sentirmos e pensarmos. São limitações, muitas vezes impostas por nós próprios. Temos que ser amadurecidos, responsáveis, previsíveis e equilibrados. Tudo isto é muito bom, mas com certeza que se não em doses certas, far-nos-á perder muita coisa. Na minha opinião faz mesmo perder o melhor da festa!
E a capacidade de espanto é uma destas coisas que temos a tendência a perder à medida que crescemos ou envelhecemos, para dizer ao certo. Tanta gente a dizer: já nada mais me espanta…
Pois eu não desisto do espanto. Como diz a minha querida Maria José Costa Félix, sou da opinião de que crescer não obriga nunca desistir do espanto. Muito pelo contrário: espanto-me, encanto-me e deixo-me viajar no inesperado.
Espanto para mim é sinónimo de tempero para a vida. É uma das especiarias que combinada com outras, como o sonho, a alegria, a fantasia, vai dar um sabor especial e único a nossa existência.
É tão bom espantar-me e espantar alguém. É tão bom ver que apesar dos pesares, dos calos da vida, dos nãos, dos tombos e tropeços ainda temos capacidade de nos surpreendermos. É sinal de vida e de sanidade mental. É sinal de esperança e de que tudo vale à pena. Não há nada mais revigorante do que ver o brilho do espanto no olhar de alguém. Se este alguém for aquele “alguém”, melhor ainda! Aliás, mais que melhor!!!
Quem não se espanta e não espanta está meio morto. Está a viver a meio gás, aquém das possibilidades da vida. E estar aquém é o pior que nos pode acontecer. É o cúmulo da frustração.
Obrigada a quem me espanta e por isso faz-me sentir mais viva e mais feliz. Obrigada a quem se deixa espantar por mim. Obrigada a quem se espanta junto comigo.
E quanto a si, deixe-se espantar por mais que ache que já nada o pode espantar. E lembre-se de que espanto rima com encanto!
Heloisa Miranda